Se há coisa em que eu sou boa, e isto eu admito, é a observar quem passa. Num autocarro, numa paragem, na estação, ou simplesmente na rua. E há uma coisa que reparo, é que desde segunda-feira os transportes públicos andam impossíveis! Não sei se é do Sol e dá mais jeito ir de autocarro para todo o lado, não sei mesmo, mas a verdade é que desde Segunda-feira houve uma enchente nos transportes públicos e, eu que vinha sempre confortável e à vontade no autocarro, agora vou tipo lata de sardinhas. saio duma para me meter noutra. E parece que as pessoas insistem em ir a cheirar o sovaquinho umas das outras, e insistem também em não tomar banho, e depois com o sol aquilo frita e liberta odores indesejáveis. Alguém me compreende? Alguém passa por isto também todos os dias? Não estou a exagerar, há gajos e gajas que se lhes espremermos o cabelo conseguimos fritar batatas.
Outra coisa engraçada é a diversidade de pessoas que apanhamos em transportes: as velhotas, os imigrantes, os nerds (com óculos, aparelho, borbulhas e buço), as patricinhas (todas loiras, vestidas de igual by berska ou zara), e aqueles gajos que têm a mania que são gangsters mas que cheiram a refugado e quando abrem a boca há logo um acidente. Há também aquelas creches/escolas primárias que decidem levar os putos para um sítio qualquer mas em vez de alugarem um autocarro não, metem os putos todos no autocarro público, sempre é mais seguro. Por último também temos aqueles grupos com 30 turistas holandeses que decidem ir correr para Monsanto e por isso vão todos juntos, apertadinhos no autocarro, a cheirar o sovaco e a colarem-se às pessoas. E pronto, era só para partilhar convosco estas experiências. Se também as tiverem, força! Mandem para aí que é sempre bom debater estas questões filosóficas.
Hmmm chego à paragem, fumo um cigarro. O último do meu maço, graças ao stress com que ando já lhes perdi a conta. Quase no fim de matar o vício lá vem o dito cujo (autocarro) e é aí que reparo no outro dito cujo (o rapaz do autocarro). Um menino interessante, se calhar com os seus 19 ou 20 anos, bem parecido assim meio relax, costuma apanhar o mesmo autocarro que eu, por isso já tinha reparado qualquer coisita. Deixo-o entrar enquanto acabava o cigarro. Senta-se num daqueles bancos prioritários, virado para os bancos de trás. Achei estranho, normalmente senta-se sempre nos últimos, lá mesmo ao fundo, refundido do mundo. Entrei, fui lá para trás, sentei-me. Nunca se sentiram observadas? Pois, eu estava-me a sentir estranhamente observada, olhei, era ele. Olhos fixados em mim. Engoli em seco, olhei para a janela. Continuava a sentir-me observada, mas desta vez na minha cabeça porque ele estava a mandar uma sms. Agarrei nos apontamentos e pus-me a ler, ok a fingir. Olhei para ele, engoli em seco outra vez. Estava a olhar para mim. Que nervos! Baixei a cabeça, passado uns segundos voltei a olhar, ele olhava lá para fora, mas no momento em que olhei para ele desviou-se da rua e olhou para mim. Fomos assim o caminho todo. Levantei-me para carregar no botão. Sentia os seus olhos acompanharem cada movimento. Sentei-me. Os olhos dele pousaram. Chegando a paragem, levantei-me para sair, acompanhou-me com o olhar, olhei para ele e desviei a cara rapidamente. Saí. Já estava lá fora e o moço continuava a olhar. Olhei para ele, baixei a cabeça e ri-me. Não me consegui conter. Atravessei a rua, vi o autocarro passar por mim, e ele, à janela, de olhos postos na minha figura. Restisti e olhei-o nos olhos até o autocarro virar na rua seguinte. What'a hel???
Oh pá estou mesmo frustrada da vida. Eu sei que vou ter que lidar com pessoas, mais provavelmente, velhos. Sei que tenho de ser boa menina, bem educada e aquelas merdices todas. Pá ya, até aqui tudo bem, mas quando me faltam ao respeito, pá AAAIIIIIIIII FUJAM DA FRENTE!!
Então não é que ia eu muito bem no autocarrozinho em Lisboa, mais precisamente em Santos ou Alcântara já não sei bem, eu e a destrambelhada da R, as duas parvas muito sossegadinhas, quando de repente começamos a ouvir:
"OH MENINA OH MENINA"
Mas isto aos altos berros no autocarro. Feitas parvas olhámos as duas a ver o que se passava e era uma velha a olhar para nós, para MIM mais precisamente.
"OH menina feche lá a porra da janela que isto aqui não é a praia! Tá com calor vá pra a praia não vem pra o autocarro, isto na tá calor pra andar aí de janela aberta!Isto realmente, tão aqui com falta dar vai isto tudo aberto blablablablablabla..." E gritou pra lá uma data de merdas que eu não percebi.
OLHA O CARALHO MAS EU TENHO QUE LEVAR COM ISTO?
Claro que ficou toda a gente parva a olhar para mim e eu com cara de estúpida ainda respondi.
"Ah a senhora tá simpática hoje an?" E fechei a janela.
E o raio da velha ainda foi a refilar o resto do caminho, ela para um lado e eu para o outro. Mas custa alguma coisa ser bem educada? Fogo "Vá mas é chatear o Camões!"
P.s - A pedido da M. aqui está a foto das minhas argolas.
P.s2 - Não, eu não me esqueço de relatar o fim de semana surpresa que o Apêndice me fez.
E se eu vos dissesse que ontem tive a pior manhã da minha vida? Porquê? Então e se eu vos disser que deixei a minha mala no autocarro da carris com TUDO lá dentro? Lá o Código Civil eu não me importo, mas o meu telemóvel e a minha carteira com o meu dinheirinho e o meu cartaozinho e as fotografias do apêndice, isso importo-me!
Então foi assim:
Entramos no autocarro, aquele que apanhamos sempre em Algés para ir para a faculdade, vamos para os últimos cancos, sentamo-nos e eu ponho a mala naquele espaço que às vezes encontramos no último banco estão a ver? Numa das pontas,normalmente não há lugar, há um espaço que nunca percebi muito bem para o que servia, até à manhã de ontem! Conversa puxa conversa, nunca mais me lembrei da mala. Tocamos para sair, saímos, o autocarro arranca, entramos na faculdade, vamos a descer as escadas e ouve-se um berro "A MINHA MALA!!!!! ". Foi, a minha mala foi no autocarro, sozinha, para o Desterro. Claro que entrei em pânico, comecei a tremer, comecei a chorar, o meu cérebro pura e simplesmente congelou. A sorte foi que ali passam uns 10 autocarros e todos com intervalo de 5 minutos cada, pedimos ao motorista do autocarro que passou a seguir para, pelo rádio, contactar com o motorista do autocarro que tínhamos apanhado antes. Foi a meia hora mais longa da minha vida. Claro que faltei logo ao primeiro tempo, e eles ficaram comigo. Passados uns 15 minutos veio um senhor ter connosco, que trabalhava para a Carris, e disse-nos que a mala tinha sido encontrada e que teria que esperar que o autocarro saísse do Desterro e fizesse a volta inversa. Fiquei ali a morrer, a congelar, sem conseguir pensar na sorte que acabava de ter, apenas queria ver a minha mala, queria ver se não faltava nada.
Quando ao autocarro chegou, agarrei-me à minha malinha e jurei, JUREI que nunca mais iria pousá-la em nenhum sítio.
Sou uma borrada, eu sei.
Ihhh amanhã vem o principe encantado salvar a princesa do veneno das víboras e das garras daquelas monstras =) Devo referir um pequeno GRANDE pormenor: EU VOU AO BAILE DE FINALISTAS DA MINHA ESCOLA AHAHAHAHAHAHAH mas não pensem que me converti para o lado do inimigo, ná. Eu vou sobretudo para poder rir-me das pirosas e das bimbas e das queques que não queriam ir para o barracão só porque, passo a citar "não é chique, queremos algo mais glamouroso, afinal de contas é um baile de finalistas"
Oh minhas cabras, desde quando é que se importam com o sítio? Pensava que o que vos interessava era só a passadeira vermelha e os flashes apontados na vossa direcção... Estou para ver as lantejoulas, os cor de rosas choque e os verdes alface, e os saltos altos, please... Vou-me sentir mesmo bem, e o melhor é que o principe vai tar comigo ahahah.
Hoje aconteceu-me uma coisa esquesita. Fiquei sozinha na paragem do autocarro com mais um senhor de canadianas, que se virou para mim e me disse que gostava muito do meu estilo. Senhor vá, uns 20 e poucos anos. Enquanto o transporte não chegava falou-se de sermos diferentes e criativos e quem critica tem sérios problemas. E ele terminou com uma coisa que não hei-de esquecer, não porque foi bonito mas porque não percebi: "És muito autoritária e muito original para a tua idade" juro, juro, JURO que não percebi o que ele quis dizer com isso. Enfim, que culpa tenho eu de não gostar do que anda por aí, desculpem lá se gosto de ser à minha maneira.