Andei a remexer nos meus livros perdidos na prateleira, à procura de inspiração. Não sabia o que escrever ou o que falar. Depois de passar por uma fase má, não achei coerente vir aqui por qualquer coisa do género "estou super feliz porque tudo se resolveu e agora só me apetece dar uma foda e esquecer tudo". Nhe, não seria normal. Então ei senão quando agarrei num livro que comecei a ler, mas depois contaram-me a história e eu perdi a vontade, e abri numa página bem apropriada para a coisa. E dizia assim:
"Gostaria de poder fazer por ele o que ele fez por mim. Pensei muito, e descobri que não entrei naquele café por acaso; os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo de os corpos se verem.(...)
Todos sabem amar, pois já nasceram com esse dom. Algumas pessoas já o fazem naturalmente bem, mas a maioria tem de reaprender, relembrar como se ama, e todos - sem excepção - precisam de arder na fogueira das suas emoções passadas, reviver algumas alegrias e dores, quedas e subidas, até conseguirem ver o fio condutor que existe por trás de cada novo encontro; sim, existe um fio ali.
E, então, os corpos aprendem a falar a linguagem da alma, a isso chama-se sexo, é isso que eu posso dar ao homem que me devolveu a alma, embora ele desconheça totalmente a sua importância na minha vida. Isso foi o que ele me pediu, e tê-lo-á; quero que ele seja muito feliz."
Paulo Coelho em Onze Minutos