"Não quero, não quero ter que me levantar agora. Não hoje, não, nunca! Porquê? Para quê? Não quero ter que te acordar, dormes tão profundamente aqui...Ainda é cedo. É sempre cedo quando me separo de ti. Vamos ficar a dormir juntos para sempre, o mundo lá fora não precisa de nós."
Depois deste pensamento inultimente tive que me levantar, acordar-te, e dar início ao dia que eu não queria que existisse nunca. Sempre que ele chega começa da mesma maneira: os dois em silêncio, raramente os nossos olhares se cruzam, até chegar uma altura em que nem eu nem tu conseguimos conter as lágrimas e nos agarramos, apertamos à espera que o mundo pare e fiquemos assim.
Depois do pequeno almoço e arrumar as coisas, levou-me até à estação do metro. Faltavam precisamente 30 minutos para o próximo metro e 45 para o comboio que me levava de volta. Ligou ao pai para ver se nos podia levar à estação. Lá fez esse favor. Quando chegámos faltavam precisamente 3 minutos para a partida e ainda tinha que comprar bilhete. Largou a minha mão e correu para a belheteira. Voltou rapidamente, faltava 1 minuto. Entregou-me o bilhete e deu-me um curto beijo. A porta fechou-se separando-nos por tempo indeterminado.